Boxeadora argelina não é mulher? Entenda a diferença entre transexual e intersexo

Uma luta entre as boxeadoras Imane Khelif e Angela Carini gerou polêmica quando a italiana desistiu da disputa em apenas 46 segundos durante a prova realizada na quinta-feira, 1º de agosto. O caso teve grande repercussão após surgirem falsas acusações de que a argelina seria transexual. No entanto, Khelif é intersexo.

Angela Carini afirmou que não abandonou a luta por causa de sua adversária, mas sim devido a golpes que recebeu no nariz. Na sexta-feira, 2 de agosto, o porta-voz do COI (Comitê Olímpico Internacional), Mark Adams, confirmou que Imane Khelif “nasceu mulher, foi registrada como mulher, vive sua vida como mulher e luta boxe como mulher”.

As acusações de que Khelif seria transexual surgiram após a divulgação de sua desclassificação do Mundial de Boxe de 2023, por não cumprir “critérios de elegibilidade”, de acordo com a IBA (Associação Internacional de Boxe). No entanto, a entidade, que não está envolvida nas Olimpíadas devido à falta de transparência, declarou que as boxeadoras não foram submetidas a testes de testosterona.

A repercussão do caso levou a primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, a criticar o COI por permitir a participação de Khelif.

Diferença entre transgênero e intersexo

Intersexo é uma condição em que uma pessoa nasce com características que não se enquadram nas definições típicas de corpos masculinos ou femininos, como variações nos cromossomos, órgãos genitais ou hormônios. No caso de Khelif, exames revelaram uma alta produção de testosterona e a presença de cromossomos XY em seu DNA, que estão associados a características masculinas. Esses foram os critérios que levaram à sua desclassificação do Mundial de Boxe.

Em 4 de abril, a ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou uma resolução contra a violência e discriminação de pessoas intersexo. Especialistas estimam que até 1,7% da população nasce com essa condição.

A transsexualidade refere-se a pessoas que não se identificam com o sexo biológico que lhes foi atribuído ao nascer. Apenas duas atletas trans se classificaram para os Jogos Olímpicos de Paris 2024: Nikki Hiltz, do atletismo, e Quinn, do futebol canadense.